“Ela era
assim mesmo, dessas garotas bem tortas. E gostava de ser assim,
diferente. Ela provocava risos, e tinha a ironia na ponta da língua.
Sabia usar o sarcasmo como ninguém. Ela não era de sorrisos fáceis, mas
sempre que sorria, fazia-o com os lábios, e também com os olhos. Ela
conservava seus amigos, que não eram muitos, mas sim, eram os melhores.
Como eu disse, ela era torta, errada, mas era ela sem artifícios, sem
muitos enfeites, porque ela fazia questão de dizer “eu quero que as
pessoas gostem de mim pelo que eu sou”. Ela era certa, e errada. Cheia
de imperfeições incorrigíveis. E o melhor de tudo é que ela ainda gosta
de ser assim, torta.”