sábado, 17 de setembro de 2011

No mistério do sem-fim
equilibra-se um planeta.

E, no planeta, um jardim,
e, no jardim, um canteiro;
no canteiro uma violeta,
e, sobre ela, o dia inteiro,

Entre o planeta e o sem-fim,
a asa de uma borboleta.


Ainda é cedo, amor
Mal começaste a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar


Preste atenção, querida

Embora eu saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és



Ouça-me bem, amor

Preste atenção, o mundo é um moinho
Vai triturar teus sonhos, tão mesquinho.
Vai reduzir as ilusões a pó



Preste atenção, querida

De cada amor tu herdarás só o cinismo
Quando notares estás à beira do abismo

Abismo que cavaste com os teus pés

http://youtu.be/Yfox5r5Jx4o (Interpretado por Cazuza)

quinta-feira, 15 de setembro de 2011



As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade. 

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade. 

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade. 

Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.
Vou cuidar de mim. De mim, do meu coração e dessa minha mania de amar demais, de querer demais, de esperar demais.