quarta-feira, 30 de novembro de 2011

"É monstruoso dizer-se que o artista não serve a humanidade. Ele foi os olhos, os ouvidos, a voz da humanidade. Sempre foi o transcendentalista que passava a raios X os nossos verdadeiros estados de alma."
( Anais Niin)


"A árvore e o livro -  Salvador Dalí"

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

"Não vá embora, fique um pouco mais...ninguém sabe fazer, o que você me faz..."

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Tô pagando pra ver sim, tô com a cara exposta sim, e pode doer o quanto for, podem maldizer o quanto for, o sorriso que eu levo hoje apaga todos os outros rastros.Eu aprendi, aos trancos, que ser feliz não dói. Ser feliz não dói ... !

Eu não me contento com pouco (Não mais).
Eu tenho muito dentro de mim e não estou
a fim de dar sem receber nada em troca.


"Minha tolerância acabou, minha intuição fareja à distância uma cabecinha ruim. Não aceito mais ser amiga de gente mal resolvida e que me ferra pelas costas. Não tenho raiva de ninguém, mas minha prioridade agora é uma só: eu. Podem me chamar de egoísta, eu aceito."

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Sinto muito, mas ele sempre está lá. Incógnito, invisível, inviável. In, enfim.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011


"Quem me vê sorrindo pensa que estou alegre; O meu sorriso é por consolação; Porque eu sei conter pra ninguém ver; O pranto do meu coração"

domingo, 13 de novembro de 2011

 [ Evaporar- Little Joy]

Ele me bebeu - Clarice Lispector.



É. Aconteceu mesmo.Serjoca era maquilador de mulheres. Mas não queria nada com mulheres. Queria homens.E maquilava Aurélia Nascimento. Aurélia era bonita e, maquilada, ficava deslumbrante. Era loura, usava peruca e cílios postiços. Ficaram amigos. Saíam juntos, essa coisa de ir jantar em boates.Todas as vezes que Aurélia queria ficar linda ligava para Serjoca. Serjoca também era bonito. Era magro e alto.E assim corriam as coisas. Um telefonema e marcavam encontro. Ela se vestia bem, era caprichada. Usava lentes de contato. E seios postiços. Mas os seus mesmos era lindos, pontudos. Só usava os postiços porque tinha pouco busto. Sua boca era um botão de vermelha rosa. E os dentes grandes, brancos.Um dia, às seis horas da tarde, na hora do pior trânsito, Aurélia e Serjoca estavam em pé junto do Copacabana Palace e esperavam inutilmente um táxi. Serjoca, de cansaço, encostara-se numa árvore. Aurélia impaciente. Sugeriu que dessem ao porteiro dez cruzeiros para que ele lhes arranjasse uma condução. Serjoca negou: era duro para soltar dinheiro.
Eram quase sete horas. Escurecia. O que fazer?
Perto deles estava Affonso Carvalho. Industrial de metalurgia. Esperava o seu Mercedes com chofer. Fazia calor, o carro era refrigerado, tinha telefone e geladeira. Affonso fizera quarenta anos no dia anterior.Viu a impaciência de Aurélia que batia com os pés na calçada. Interessante essa mulher, pensou Affonso. E quer carro. Dirigiu-se a ela:
- A senhorita está achando dificuldade de condução?
- Estou aqui desde as seis horas e nada de um táxi passar e nos pegar! Já não agüento mais.
- Meu chofer vem daqui a pouco, disse Affonso. Posso levá-los a alguma parte?
- Eu lhe agradeceria muito, inclusive porque estou com dor no pé.
Mas não disse que tinha calos. Escondeu o defeito. Estava maquiladíssima e olhou com desejo o homem. Serjoca muito calado.Afinal veio o chofer, desceu, abriu a porta do carro. Entraram os três. Ela na frente, ao lado do chofer, os dois atrás. Tirou discretamente o sapato e suspirou de alívio.
- Para onde vocês querem ir?
- Não temos propriamente destino, disse Aurélia cada vez mais acesa pela cara máscula de Affonso.
Ele disse:
- E se fôssemos ao Number One tomar um drinque?
- Eu adoraria, disse Aurélia. Você não gostaria, Serjoca
- É claro, preciso de uma bebida forte.
Então foram para a boate, a essa hora quase vazia. E conversaram. Affonso falou de metalurgia. Os outros dois não entendiam nada. Mas fingiam entender. Era tedioso. Mas Affonso estava entusiasmado e, embaixo da mesa, encostou o pé no pé de Aurélia. Justo no pé que tinha calo. Ela correspondeu, excitada. Aí Affonso disse:
- E se fôssemos jantar na minha casa? Tenho hoje escargots e frango com trufas. Que tal?
- Estou esfaimada.E Serjoca mudo. Estava também aceso por Affonso.O apartamento era atapetado de branco e lá havia escultura de Bruno Giorgi. Sentaram-se, tomaram outro drinque e foram para a sala de jantar. Mesa de jacarandá. Garçom servindo à esquerda. Serjoca não sabia comer escargots e atrapalhou-se todo com os talheres especiais. Não gostou. Mas Aurélia gostou muito, se bem que tivesse medo de ter hálito de alho. Mas beberam champanha francesa durante o jantar todo. Ninguém quis sobremesa, queriam apenas café.E foram para a sala. Aí Serjoca se animou. E começou a falar que não acabava mais. Lançava olhos lânguidos para o industrial. Este ficou espantado com a eloqüência do rapaz bonito. No dia seguinte telefonaria para Aurélia para lhe dizer: o Serjoca é um amor de pessoa.E marcaram novo encontro. Destava vez num restaurante, o Albamar. Comeram ostras para comerçar. De novo Serjoca teve dificuldade de comer as ostras. Sou um errado, pensou.mas antes de se encontrarem, Aurélia telefonou para Serjoca: precisava de maquilagem urgente. Ele foi à sua casa.Então, enquanto era maquilada, pensou: Serjoca está me tirando o rosto.A impressão era que ele apagava os seus traços: vazia, uma cara só de carne. Carne morena.Sentiu mal-estar. Pediu licença e foi ao banheiro para se olhar ao espelho. Era isso mesmo que ela imaginara: Serjoca tinha anulado o seu rosto. Mesmo os ossos - e tinha uma ossatura espetacular - mesmo os ossos tinham desaparecido. Ele está me bebendo, pensou, ele vai me destruir. E é por causa do Affonso.
Voltou sem graça. No restaurante quase não falou. Affonso falava mais com Serjoca, mal olhava para Aurélia: estava interessado no rapaz.Enfim, enfim acabou o almoço.Serjoca marcou encontro com Affonso para de noite, Aurélia disse que não podia ir, estava cansada. Era mentira: não ia porque não tinha cara para mostrar.Chegou em casa, tomou um banho de imersão com espuma, ficou pensando: daqui a pouco ele me tira o corpo também. O que fazer para recuperar o que fora seu? A sua individualidade?Saiu da banheira pensativa. Enxugou-se com uma toalha enorme, vermelha. Sempre pensativa. Pesou-se na balança: estava com bom peso. Daí a pouco ele me tira também o peso, pensou.Foi ao espelho. Olhou-se profundamente. Mas ela não era mais nada.
- Então - então de súbito deu uma bruta bofetada no lado esquerdo do rosto. Para se acordar. Ficou parada olhando-se. E, como se não bastasse, deu mais duas bofetadas na cara. Para encontrar-se.
E realmente aconteceu.No espelho viu enfim um rosto humano, triste, delicado. Ela era Aurélia Nascimento. Acabara de nascer. Nas-ci-men-to.




Hilda querida, talvez esta seja uma carta de despedida. Mas não se assuste, é
que aconteceram alguns imprevistos e resolvi embarcar para a Europa em seguida,
fim de abril ou começo de maio. Vou com Augusto, um amigo antigo — o mais
antigo que tenho —, ainda dos tempos de adolescência, em Santiago, uma pessoa
ótima. Creio que vamos por um avião de Aerolineas Argentinas, o mais barato da
temporada, também porque não temos muito dinheiro e temos que ir logo para a
Suécia, pegar a temporada de trabalho, que começa em maio — provavelmente dia
28 de abril. Ainda tem toda a encheção de saco com papéis e mil transinhas,
portanto não marcamos nada. Mas vamos de qualquer maneira. Meus planos são
fazer uns 1.000 dólares na Suécia para depois viajar um pouco e, em setembro,
fazer algum curso, talvez em Paris, onde tenho dois amigos lecionando na
Sorbonne. Eu estou tranqüilo e sinto que tudo vai sair bem, porque é exatamente a
minha hora — mas de vez em quando tenho umas dorzinhas de barriga, você sabe.
Estou um pouco chateado com você. Há muito tempo, uns dois meses,
mandei para você um recorte de jornal, com uma matéria minha sobre o Lúcio
Cardoso, onde eu falava em você. Sei lá se chegou ou não, mas de qualquer maneira
acho que você poderia ter escrito. E uma coisa que me dói muito, esses seus
silêncios. Sei — claro — que você deve ter problemas bastante sérios, mas uma
carta de vez em quando não custa nada e, às vezes — quem sabe? — talvez até a
gente pudesse ajudar. Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre
foi um tanto unilateral, sei lá, não quero ser injusto nem nada — apenas me ferem
muito esses teus silêncios. A sensação que tenho é que você simplesmente não está
a fim de transar muito — e cada vez que tomo a iniciativa de escrever, é sempre
meio tolhido, sem naturalidade, com medo de incomodar, de ser indesejável. Não é
uma coisa agradável. Seja como for, continuo gostando muito de você — da
mesma forma —, você está quase sempre perto de mim, quase sempre presente em
memórias, lembranças, estórias que conto às vezes, saudade. E se é verdade que o
tempo não volta, também deveria ser verdade que os amigos não se perdem. Eu
não gostaria de acreditar nisso.

Aconteceram coisas bastante duras nos últimos tempos (muitas coisas boas,
também). Não vale a pena contá-las, mas a conclusão, amarga, é que não há lugar
para gente como nós aqui neste país, pelo menos enquanto se vive dentro de uma
grande cidade. As agressões e repressões nas ruas são cada vez mais violentas,
coisas que a gente lê um dia no jornal e no dia seguinte sente na própria pele. A
gente vai ficando acuado, medroso, paranóico: eu não quero ficar assim, eu não vou
ficar assim. Por isso mesmo estou indo embora. Não tenho grandes ilusões,
também não acredito muito que por lá seja o paraíso — mas sei que a barra é bem
mais tranqüila e, enfim, vamos ver. Acho que o mundo está aí pra ser visto e
curtido, antes que acabe. Vou de consciência tranqüila, sabendo que dentro de todo
o bode fiz o que era possível fazer por aqui. E não sei quando volto. Nem se volto.
Por uma carta tua, suponho que teu livro deva ter saído. Se fosse possível, eu
gostaria que me mandasses uns três ou quatro: pretendo transar algumas editoras
por lá, e podia encaminhar o teu livro a alguma, você é que sabe. Tenho alguns
amigos escritores por lá, que devem estar mais ou menos por dentro das transas
editoriais.
Quanto ao meu, ainda não soube o resultado do concurso de Brasília, que
deve sair por esses dias. Em todo caso, mesmo que não ganhe nada, será publicado
pelo Instituto Estadual do Livro, quero deixar tudo bem encaminhado. Achei uma
epígrafe ótima, duma letra do Gilberto Gil para uma música chamada Zooilógíco,
assim: “Eu sou o menino que abriu a porta das feras/no dia em que todas as
famílias visitavam o zôo”. Não é uma glória? E o livro é exatamente isso: a
violência e a loucura soltas para grilar os bempensantes. No momento, acredito
muito no grilo como arte, não sei se você entende.
Outra coisa, sobre teu livro: desta vez podias fazer uma boa divulgação.
Além dos críticos de SP e Rio, acho que devias mandar para o pessoal do Suplemento
de Minas, que é muito bom: Sérgio Sant’Anna, Jaime Prado Gouvêa, Angelo
Oswaldo de Araújo Santos, Duílio Gomes e, principalmente, Luiz Gonzaga Vieira,
que é um ótimo crítico. Aqui em Porto Alegre também há alguns críticos
interessantes, se você tiver interesse, eu posso mandar nomes e endereços.
Falar em endereços, lembrei de duas pessoas conhecidas tuas que moram na
Europa: uma é aquela moça, filha duma mulher fantástica, não me lembro o nome
(Cléo?), que mora na frente do edifício Itália — acho que o nome da moça é
Sapinho (apelido); o outro é aquele rapaz compositor, parece que José Antonio de
Almeida Prado. Caso você lembrar de mais alguém, eu gostaria de procurá-los por lá.
Hildinha, acho que é só. Ainda tenho que ir ao centro fazer potes de coisas.
Por favor, me escreve antes que eu me vá. Nem que seja um bilhetinho. Gostaria
muitíssimo de levar, sei lá, a tua bênção, ou uma força qualquer — boas vibrações.
Dá, por mim, um grande abraço em Dante, quando o vires, em la Soininem (diz a
ela que vou à Finlândia, em sua homenagem) e em Zé Luis (o avião que vou fica
em Madri). Um beijo do sempre seu
Caio

Porto Alegre, 27 de março de 1973.  (A Hilda Hilst)
Eu sempre estive só e não queria, deixei você se enfiar por entre medos e se instalar num ninho de culpas e denso silêncio que trago por dentro.Agora te rejeito de um jeito e não consigo te abandonar e você, sem querer, vai embora temporariamente só pra me obedecer, mas sofre amarrado aos meus insultos, todo inclinado pro drama e pro desespero e eu não querendo e você estando, cada vez mais atencioso, cada vez mais inseguro, mais carente, mais agarrado à minha cintura, querendo se enfiar entre meus dedos, tão disponível, plantado na palma da minha mão. Fico triste com a capacidade de coisas que tenho coragem de fazer pra te ver chorar.

sábado, 12 de novembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Atravesso a sala, ele me atrai versos. Não são apenas suas mãos que me conduzem, nem seus pés, mas seus olhos, sua pele quente, seus inversos. Ele é conduzido pela alça caída do meu vestido, minhas costas nuas, minha cintura envolta que não deixa que eu recue.Eu respiro fundo pra trazer mais fôlego, damos voltas, ele me aperta. Nossos corpos musicalizados.E o meu vestido mais curto,o corpo inclinado. E ele quase me beija, mas me possuindo daquele jeito meio manso, muito macho, cheio de força e delicadeza, decidido e sem sentimentalismo barato, apenas me olha bem perto. Desperto. Sinto-me vestida de vermelho e babados. Mas estou de camisola branca... presa no cativeiro dos seus braços. Seios que insinuam desejo. Ele finge que não repara, mas suas mãos invadem minhas coxas e descobrem a umidade do que será permitido ou suplicado. E me diz no ouvido: saudade. E eu não respondo, mas meu corpo nu. Minha camisola muda a cor da luz do abajur. Atravesso a música, ele me atrai versos, e eu erro o passo, ele me traz para mais perto. Atravesso o corredor da casa, ele me atrai versos e me diz no ouvido uma frase_ um substantivo sem verbo: saudade. Atravessados na cama, ele me atrai versos e me diz no ouvido de um jeito sacana: saudade. Mas me falta o verbo. Atravessa o meu corpo, ele me atrai versos e eu digo sem jeito em seu ouvido: não quero. Atravesso a sanidade, ele trai os meus verbos e me induz a mudar de ideia quando digo: saudade. Eu quero.

sábado, 5 de novembro de 2011

"Eu não queria ocupar o meu tempo usando palavras bichadas de costumes. Eu queria mesmo desver o mundo"
Tudo que eu conquistei, foi com o suor do meu trabalho. Eu nunca desisti, não me curvei, não me entreguei, não me deixei levar. E essa corrente que prende pelos pés, eu arrebentei com os dentes.

Não vou deixar que alguém
conquiste o impossível por mim.


Sou libertária, gosto muito de agir com independência e ser quem eu sou sem depender de outra pessoa. Como uma borboleta que voa durante horas, procurando achar um lugar onde ficar e, mesmo não achando, continua sua jornada sem companhia. E não, eu não sou o tipo de pessoa que exclui todos à sua volta, muito pelo contrário, adoro pessoas! Mas gosto de ser desapegada a elas, pelo simples fato de que pessoas causam dores muito grandes. São palavras, ações, gestos e emoções sem explicação e muito significativos quando feitos de uma forma equivocada. Gostaria de não ter conhecido pessoas que fizeram-me apegar à elas. É, eu as amei. Ou amo ainda. Não está claro isso pra mim. Por que quando me apeguei a essas criaturas e elas, sem se despedir, sumiram de mim mesma, o sofrimento veio à tona. Ah, claro que eu conhecia o sentimento denominado tristeza, mas não sabia que quando estava ligada com o amor era tão forte dessa maneira. Queria muito ter resolvido todos os meus problemas de outra forma, gostaria de ainda ser amiga daqueles que um dia me apunhalaram pelas costas ou fizeram-me sofrer, mas eles não querem. Ou não podem. Ou não precisam. Eu sei que sinto-me presa ainda àquele passado, e digo com toda a certeza que se pudesse, faria tudo diferente. Sou libertária dos outros, mas de mim (das lembranças), sou muito apegada.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

 Você nunca sabe, mas amigo eu sou uma espécie de poeta ...


Já conheço os passos dessa estrada
Sei que não vai dar em nada
Seus segredos sei de cor
Já conheço as pedras do caminho
E sei também que ali sozinho
Eu vou ficar, tanto pior
O que é que eu posso contra o encanto
Desse amor que eu nego tanto
Evito tanto
E que no entanto
Volta sempre a enfeitiçar
Com seus mesmos tristes velhos fatos
Que num álbum de retrato
Eu teimo em colecionar

Lá vou eu de novo como um tolo
Procurar o desconsolo
Que cansei de conhecer
Novos dias tristes, noites claras
Versos, cartas, minha cara
Ainda volto a lhe escrever
Pra dizer que isso é pecado
Eu trago o peito tão marcado
De lembranças do passado
E você sabe a razão
Vou colecionar mais um soneto
Outro retrato em branco e preto
A maltratar meu coração

Retrato em Branco e Preto - Chico Buarque.
Quando 
já não havia outra tinta
no mundo o poeta usou do seu próprio sangue.
Não dispondo de papel,
ele escreveu no próprio corpo.
Assim nasceu a voz,
o rio em si mesmo ancorado.
Como sangue:
sem voz nem nascente.


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

"Eu sei que todos os dias quando eu acordo Deus dá um sorriso e me diz: estou te dando a chance de tentar de novo"
"Sorria sempre. Seus lábios não precisam traduzir o que acontece no seu coração."

domingo, 30 de outubro de 2011

Eu devo reconhecer que ninguém me conhece. Não realmente. Os que mais sabem não sabem da metade. Não deixo todos os segredos escaparem de mim, não mesmo. Uma delicadeza com os outros, eu diria, pois não quero assustar as pessoas com meu passado. Em especial aquelas que continuaram gostando de mim após o pouco que souberam. Mesmo porque aquela, que fez aquilo, não está mais aqui. Eu sou literalmente outra.
"Sou pessoa de dentro pra fora. Minha beleza está na minha essência e no meu caráter. Acredito em sonhos, não em utopia. Mas quando sonho, sonho alto. Estou aqui é pra viver, cair, aprender, levantar e seguir em frente.Sou isso hoje... Amanhã, já me reinventei. Reinvento-me sempre que a vida pede um pouco mais de mim.
Sou complexa, sou mistura, sou mulher com cara de menina... E vice-versa. Me perco, me procuro e me acho. E quando necessário, enlouqueço e deixo rolar...Não me dôo pela metade, não sou tua meio amiga nem teu quase amor. Ou sou tudo ou sou nada. Não suporto meio termos. Sou boba, mas não sou burra. Ingênua, mas não santa. Sou pessoa de riso fácil...e choro também."

Não peço licença, entro, e arrombo a porta. Nunca tive medo de me mostrar. Você pode ficar escondido em casa, protegido pelas paredes. Mas você tá vivo, e essa vida é pra se mostrar. Esse é o meu espetáculo. Só quem se mostra se encontra. Por mais que se perca no caminho. ( Cazuza )

terça-feira, 25 de outubro de 2011

"Solidão prolongada me ensinou a ser exigente. Quando me tornei minha melhor companhia, só me apaixonei por pessoas absolutamente incríveis."

"Temos a arte para não morrer da verdade." 
(Friedrich Nietzsche)



Grafites de Gustavo e Otávio Pandolfo,conhecidos como " Os gêmeos".

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

É bom às vezes se perder, sem ter porquê, sem ter razão. É um dom saber envaidecer por si, saber mudar de tom."
"Ah, se eu pudesse; Te diria na boa; Não sou mais uma das tais"



E eu compreendi que não podia suportar a ideia de nunca mais escutar esse riso. Ele era para mim como uma fonte no deserto...
"Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como "eu gosto de você". Gosto de mim."
Tenha mais cuidado com você, não espere isso do outro. Você sabe das suas carências, das suas fases, das suas lacunas.O outro sabe das dele.
Existe tanta coisa mais importante nessa vida que sofrer por amor.
Mas o sorriso (…) ah, esse resistirá a todas as ciladas do tempo.
Ela oferece o ouvido como uma boca, para beijar o som

domingo, 16 de outubro de 2011

domingo, 9 de outubro de 2011

domingo, 2 de outubro de 2011



"- Por que você toma tanto calmante? perguntou ele sorrindo.
- Ah, disse ela com simplicidade, é assim: vamos dizer que uma pessoa estivesse gritando e então outra pessoa punha um travesseiro na boca da outra para não se ouvir o grito. Pois quando tomo calmante, eu não ouço meu grito, sei que estou gritando mas não ouço, é assim, disse ela ajeitando a saia."

Clarice Lispector em "A Maça no Escuro", Editora Rocco, p. 187
Tive uma amiga chamada Ana – Ana Maria Scaraboto Asef. Digo tive, infelizmente, e não tenho, porque a Ana morreu, há pouco mais de um ano. Um dia, me contaram, sentou na sala, colocou a mão sobre o coração e disse: “Estou sentindo uma coisa estranha aqui". Fechou os olhos e morreu. Como um passarinho, diria minha avó, e eu sempre achava esquisito: passarinho, pra mim, morria com pedrada de bodoque. Não era nada suave, imagino. Prefiro pensar que Ana morreu como uma fada, se é que as fadas morrem. Mas isso é detalhe. O que importa é que Ana era mesmo meio fada.


Durante anos, ela estudou astrologia, quiromancia, numerologia, cabala, radiestesia, essas coisas. Estudou porque gostava, porque era mesmo meio fada. Não por causa de dinheiro. Ana era uma advogada muito conceituada. Bem, com tanto estudo, ela acabou formulando suas próprias teorias: descobriu as cores do tempo, as cores das horas, as cores dos nomes, as cores dos destinos. Quando nos conhecemos e ficamos amigos à primeira vista, batizei as teorias da Ana de cromologia (ou “conhecimento das cores”). Ela gostou do nome, costumava usá-lo quando começou a dar entrevistas e a ficar muito conhecida. Estava preparando um livro, quando um dia veio a morte e crau! De alguma forma, devia estar certa que fosse naquele dia, daquele jeito – levando a mão no coração, suspirando e fechando os olhos. Como uma fada.

Ana ficou em mim de muitas formas. A mais constante delas é que dei para pensar nas pessoas – não só nas pessoas, mas também nas situações, nas emoções – como tendo cores. Metade por causa das teorias de cromologia, metade por pura piração (ou poesia: quem é capaz de estabelecer a diferença?). Claro, tudo isso misturado com gosto pessoal. Que, você sabe, não se discute.

Então, acordar de manhã bem cedo, sair para a rua antes que as lojas se abram, com poucas pessoas e certa névoa ainda no ar, para mim é indiscutivelmente branco. Como são alaranjadas certas noites de energia solta no ar, na mesa de um bar ou assistindo a algum show. Como são verde bem clarinho certas tardes, principalmente as de inverno, quando há sol e, de repente, as coisas meio que param, infinitamente calmas. Há também momentos marrons: tentar trocar a fita corretiva desta máquina elétrica, coisa que nunca consigo fazer direito, embora consulte sempre as instruções. Esperar horas numa fila de banco, tentar atravessar a avenida Nove de Julho, em São Paulo, para mim, é completamente marrom. Quando surge alguma irritação, então vira marrom riscado de vermelho. Mas, vermelho total, só quando pinta ódio, vontade de gritar e bater. Filme de Stallone ou Schwarzenegger é vermelho – nada a ver com ideologia.

Tem também vozes, caras, pessoas. Suzanne Vega cantando Tom’s Diner é azul bem clarinho, azul-aquarela, meio transparente, quase branco. Já Vida Bandida, com Lobão, pende mais para o bordô. E Billie Holiday será sempre roxo, às vezes mais carregado, com a voz mais rouca das últimas gravações, às vezes suavemente violeta. A cara de Jânio Quadros varia do cinza-chumbo ao negro, mas a de Xuxa é enjoativamente rosa-choque, daquele que Jayne Mansfield adorava.

Destinos também têm cores – não sei até que ponto você escolhe ou as coisas se armam e, quando você se dá conta, a cor já está ali, definitiva. Sarney, por exemplo, acho que escolheu ou foi vítima de um destino marrom. Pelo menos a sensação que ele me dá é a mesma de tentar atravessar aquele corredor de ônibus na Nove de Julho. Aliás, políticos quase sempre são marrons. Elba Ramalho – quer apostar? – é puro amarelo: amarelo-grito, amarelo-estridente. Augusto de Campos me parece mais um destino azul-marinho, todo sóbrio. Caetano Veloso: azul-claro, às vezes vermelho. Lygia Fagundes Telles: puro bege.

E assim fico pensando em Ana. Que tinha um destino não de uma, mas de todas as cores. Quem dera o meu, o seu, o nosso fossem assim também. Que marrom não há de ser, nem cinza-chumbo. Pois, quando eu daqui, você daí, tão vadio quanto eu, pára e lê – deve haver alguma cor nisso. Espero que bem clarinha.

                                                   (HV – Agosto/setembro 1987)

sábado, 1 de outubro de 2011

"Adoro os teus cabelos, adoro a tua voz, adoro teu estilo, adoro tua paz de espírito..."

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

So, So you think you can tell
Heaven from Hell,
Blue skies from pain
Can you tell a green field
From a cold steel rail?
A smile from a veil?
Do you think you can tell?

Did they get you to trade
Your heroes for ghosts?
Hot ashes for trees?
Hot air for a cool breeze?
Cold confort for change?
Did you exchange
A walk on part in the war
For a lead role in a cage?

How I wish, how I wish you were here
We're just two lost souls
Swimming in a fish bowl,
Year after year,
Running over the same old ground.
What have we found?
The same old fears
Wish you were here
  
(Wish you were here -Pink Floyd)

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Somos você e eu,
E sempre foi
E o que sinto por você,
Não tem fim.

Mas você me fez
Te Perseguir
E então você precisa de mim de novo
Quando você cai.

E quando essa dança acabar,
Você e eu ainda somos
Os únicos

Sim desde o começo dos tempos
E eu ainda estou com você
Mesmo quando você se for.

E quando essa dança acabar,
Você e eu ainda somos
Os únicos

Sim desde o começo dos tempos
E eu ainda estou com você
Mesmo quando você se for.

Então eu começo, e você para
Então eu te quero
Sabendo que você está partindo 

Somos você e eu e estamos
De volta outra vez
Não me apresente para todos
Seus "novos amigos", cara
Porque você me faz
Te perseguir?
Porque suas palavras fazem
Com que eu não faça nenhum som?

E quando essa dança acabar,
Você e eu ainda somos
Os únicos

Sim desde o começo dos tempos
E eu ainda estou com você
Mesmo quando você se for.

Então eu começo, e você para
Então eu te quero
Sabendo que você está partindo